De Rimb a “terror dos cães”, Baronian
apreende o escapável. A vida
do fugidio
autor de “Uma temporada no inferno”
é exposta de forma apaixonante. Garoto prodígio, rebelde, escandaloso, comunalista,
desertor e comerciante.
A vida
extraordinária de peregrinações de Rimbaud começa com pequenas fugas ainda
adolescente para desespero da mãe. Não obstante seu esforço - da mãe - para o jovem, leitor voraz, não se transviar com obras como “Os
miseráveis” dentre outros listados em
seu Index particular, Rimbaud não pode esquivar-se. Já se vê no meio dos
grandes com os poemas que saem de sua pena. Mas o reconhecimento que tanto
labutou enquanto poeta maldito virá postumamente.
Seus
destemperos não permitem simpatias. Salvo os restritos de seu
círculo. O estilo de vida rebelde e
transviado que Rimb chama de “vidência”
passa pela provação da escassez. Tem um admirador, na verdade amante, Paul
Verlaine, ícone do simbolismo da época. Este é casado, mas não mede esforços
para lançar-se a uma temporada no inferno.
Ébrios,
pervertidos (o exame que é feito em Verlaine devido o caso do atentado contra Rimbaud é impressionante),
andarilhos e violentos.
Sem paradeiro
certo, erram de cidade em cidade até o quase trágico episódio dos tiros. Daí em
diante Rimbaud tenta publicar outro trabalho seu, mas em vão. Não é bem-visto. Dedica-se a conhecer o mundo como militar.
Ao ver que o período de serviço é longo e que sua vida corre risco, deserta.
Empreende por conta própria desbravar mundos desconhecidos. Pretende-se agora
geógrafo. Lamenta o tempo perdido como artista. Cada vez mais suas
peregrinações comprometem seus pequenos recursos, saúde e sua vida. A exposição
a duras caravanas vitima o eterno retirante. Anos de aplicação ao comércio clandestino até
de armas no Oriente não lhe trazem o
resultado que esperava. Pelo contrário, tem uma perna amputada. Pensa em se
adaptar. Não possui essa chance.
Mesmo molestado
de doença
mais severa do que aquela que devorou a
perna, Rimbaud ainda quer fugir. Fará sua última viagem
ao lado da irmã. Vitimado por um câncer, tem enfim publicado seus poemas, mas
somente após escrever a obra mais importante de sua vida: uma vida
que periclita.
H. D’A.
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