Nulisseus - poema

 


 

Nulisseus

 

Perde-se na bruma, para sempre, a imagem de Eurídice.

Por quê? Me perguntas.

É triste.

Paga-se caro saber dos mistérios do Submundo.

 

Orfeu não somente lá entrou.  Pecado.

Ousou mudar o estado de coisas

que bem nos informou Dante.

Pior. Paraísos perdidos não retornam.

 

Ter o fim despedaçado foi seu melhor destino.

Assim será o nosso.

Suspiros. Ah!

Não me ajudou o Pitagorismo.

 

Acessei num átimo pelos mistérios ocultos

todas as minhas vidas passadas.

Foi o mesmo que trocar lugar com Íxion.

Que fazer então do Budismo?

 

Não basta às imagens mortas o Nirvana

uma vez que a única opção é suspirar.

Conheci o orfismo, mas quem ressuscita

é somente Cristo.

 

Meu coração não é pio. Sou alma e mente pagã.

Sim, amigo, é vão todos os mistérios!

E a Cabala? Ah!

Todo Golem ao pó retorna.

 

Que me ensinou a Árvore Sagrada?

És imagem trêmula espelhada nas ondas

dum vasto oceano.

Oceano? A via lacrimosa que se afogam os Nulisseus.

 

 

Não está claro ainda?

A vida dos temporais é nada.

Sim, amigo, dói.

Como dói o adeus!

 

 

Helder D’Araújo

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