O relógio inaudível vaza
impassível suas gotas de absinto.
Seu plic paciente na poça
afia a lâmina do inimigo.
Agulha invisível que costura
a carne crua.
Moenda esmagadora que dá
luz a lacrimosas.
Miserere mei!
Miserere!
O badalar do sino corta pulsos
Cada soar é um mastigar de ossos.
Seção de sadismo
de um demiurgo.
Não há fuga.
É o fim:
Eli, Eli, lamá, sabactâni.
Enrola-se o suspiro
a dor sem fim do crucifixo.
Escarifica o tempo
em teu sentir
todos os estigmas do pêndulo.
Daí que apenas um dia é um milênio
aos expulsos de todo e qualquer paraíso.
Helder D'Araújo
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