Para Élio e Oliver
Que procura ele na lagoa
daqueles olhos?
Peixes coloridos talvez?
Peixes coloridos...
Mas não estão lá.
Só há aquele olhar glacial de águia.
Quisera ele ser apenas presa;
Quisera também persergui-los...
Faróis que não são anis
tampouco verdes,
mas âmbar, olhar-âmbar...
Um âmbar primitivo, pegajoso,
fugidio.
Que vê ele agora quando fecha os olhos?
Imagens há muito esquecidas, doidas...
Vaga-lumes sequiosos de luz.
Da sua luz apesar do lucifugo.
Inconformado confessa ao vento;
Confessa ao olhar invisível
e, por um segundo apenas...
Apenas um átimo de segundo,
seminal, jorra todo o paradiso.
Será que o âmbar também o procura
como quem busca no nada
auroras perdidas, ocasos natimortos?
Ou eles temem como no mito
afundar-se movediços?
Corajosamente confessou ao
vento tê-los perdido de vista.
Nele, olhos vítreos,
embaçados por temporal ameaçador.
Doutro, olhos pétreos, rijos
pelo ricocheteio de tumultuosas águas...
Ambos, tímidos.
Por qual magia encontrarão
a liberdade
essas tão dóceis
(Ora afáveis, ora débeis) almas?
Espirituosa pomba de arrulho-suspiro,
confessa ao vento
mesmo que presa ao destino férreo;
Confessa o olhar-âmbar, inquieto...
Pousa assas-serafins serenas
apesar do coração sequioso.
Helder D’Araújo
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